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Channel: CLUBE DO ORQUIDÓFILO

Sedirea japonica

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Sedirea japonica - Foto/divulgação: Clube do Orquidófilo

A orquídea de uma única espécie 
Por André Merez

Tendo pertencido anteriormente aos gêneros Angraecum e Aerides, essa orquídea de uma única espécie tem seu nome criado a partir do anagrama da palavra que dá nome ao último gênero a que pertenceu, ou seja, o nome Sedireaé na verdade o nome Aerides, escrito ao contrário.

Essa é certamente uma daquelas monopodiais imperdíveis em uma coleção. Tem porte pequeno e uma floração bastante atrativa e de bom tamanho em relação à parte vegetativa. Suas flores de aproximadamente 3cm aparecem sequencialmente ao longo de uma haste semi-pendente que carrega de 6 a 10 flores perfumadas de cor branco-esverdeada com listas lilases em suas sépalas inferiores e pintas dessa mesma cor em seu labelo.

Seu cultivo deve ser feito preferencialmente em cachepot de madeira, pois aprecia boa drenagem já que é pouco tolerante ao excesso de umidade nas raízes. As temperaturas mais adequadas devem ser de amenas para frias, a umidade do ar deve ser elevada e a planta deve receber boa circulação de ar ao seu redor. Quanto à iluminação, deve ser filtrada e clara, porém deve-se ter cuidado com o sol mais forte do verão para que suas folhas não se queimem. O auge de sua floração se dá no final da primavera e início do verão.






Doritis pulcherrima

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Doritis pulcherrima alba aquini I Foto e cultivo: André Merez I Clube do Orquidófilo

Homenagem à deusa do amor


Considerada pelos taxonomistas como pertencente ao gênero Phalaenopsisaté o ano de 2009, essa orquídea de longas e eretas hastes tem seu auge de floração no verão e pode permanecer emitindo suas pequenas e graciosas flores sequenciais até o início do outono. Sua semelhança com o gênero acima citado pode e deve se estender também às necessidades culturais dessa planta, já que as recomendações de cultivo são muito semelhantes em ambas.

De maneira geral são plantas que apreciam temperaturas um pouco mais elevadas e boa umidade ambiente. Por serem monopodiais e não possuírem pseudobulbos, os cuidados com o controle de regas devem ser redobrados, caso contrário poderão desidratar com facilidade, o que tornaria bastante difícil sua recuperação. Por outro lado, suas raízes precisam estar ventiladas para evitar que apodreçam, logo, o melhor substrato a se utilizar nas Doritis deve ser ao mesmo tempo bem drenado e conter pelo menos um elemento que retenha a umidade de que a planta necessita.

Quanto ao fornecimento de luz as Doritis necessitam de um pouco mais de iluminação do que as Phalaenopsispara que floresçam adequadamente. A adubação regular também não pode ser negligenciada para garantir um bom enraizamento e, consequentemente, uma floração satisfatória.
Em minha coleção cultivo duas delas, uma tipo e outra variedade alba aquini que têm se desenvolvido bem em substrato misto de casca de pinus com carvão e musgo esfagno em partes iguais. Ambas recebem adubação semanal junto com as demais plantas com macro e micronutrientes intercalados a cada três aplicações com cálcio e magnésio.


O nome desse gênero tem origem grega, no termo δόρυ - δόρατος (dóry, dóratos)e significa ‘lança’, devido à forma de seu labelo, ou ainda, pode-se considerar que o nome tenha sido atribuído em referência a um dos nomes da deusa do amor, da beleza e da sexualidade, Afrodite.

Doritis pulcherrima tipo I Foto e cultivo: André Merez





Cattleya Julio Conceição

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Cattleya Julio Conceição  I  Foto e cultivo: André Merez  I  Clube do Orquidófilo

Um clássico dos híbridos

No meio orquidófilo existem os ‘puristas’, por assim dizer, que não gostam de cultivar híbridos,  um perfil de orquidófilo que não se deixa seduzir facilmente pelas cores e formas aprimoradas que as hibridações possibilitam. Outro fator que corre à boca pequena é que o cultivo dos híbridos também não teria tanto mérito por serem mais fáceis de cultivar, e, nesse caso, o desafio dos tratos culturais seria menor. Entre outras considerações, as mais variadas, e algumas até descabidas, o fato a que nos atemos aqui é que existem diferentes categorias no que se refere às orquídeas criadas pelas mãos humanas.

Criar uma planta híbrida não significa apenas retirar aleatoriamente a polínia de uma planta qualquer e depositar em outra. Há que se utilizar critérios de selecionamento entre os parentais envolvidos que levem em consideração fatores relacionados à morfologia das plantas, período de floração, compatibilidade intergenérica, entre outros.

Ao longo das diferentes fases da história da orquidofilia no Brasil, milhares de híbridos foram produzidos, no entanto, muitos deles viraram um tipo de ‘febre’ e sua fama foi apenas passageira e tão rápido quanto foram valorizados, foram também esquecidos. De todas essas criações humanas apenas uma centena delas se tornaram ‘clássicos’. E entre esses clássicos certamente encontra-se a planta que trouxemos hoje aos leitores do Clube do Orquidófilo. Uma senhora planta de 65 anos, a Cattleya Julio Conceição.

Resultado do cruzamento entre a Cattleya intermedia e a Cattleya Cowaniae, esse híbrido criado na década de 1950, recebeu o nome de um pioneiro no cultivo de orquídeas na cidade de Santos e proprietário de um parque indígena considerado na época o maior orquidário ao ar livre do mundo, o Sr Julio Conceição. Há rumores de que essa tenha sido a primeira orquídea híbrida totalmente branca que se conseguiu fazer no Brasil.

Trata-se de uma planta ‘pauciflora’, ou seja, que produz poucas flores por haste, no máximo três flores por espata. Condição esta que é ricamente compensada pelo tamanho e pela boa forma de suas flores. Levemente perfumadas suas flores duram de 15 a 20 dias caso não sejam molhadas pela chuva ou pelas regas.


Seu cultivo pode ser feito com os mesmo tratos recomendados as demais Cattleya da coleção. O meu exemplar, presente da orquidófila paranaense Rose Carobrez, tem sido cultivado em substrato mix de casca de pinus e carvão, em vaso de barro, em ambiente bem ventilado com sobreamento de 50% e recebe adubação semanal química de formulação de manutenção 20 20 20.



Dendrobium loddigesii

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Dendrobium loddigesii I Foto e cultivo: André Merez I Clube do Orquidófilo

Uma espécie extremamente vigorosa
Por André Merez

Essa espécie do gênero Dendrobium costuma ser vista nas exposições do circuito orquidófilo em grandes touceiras de fartas florações. Sua parte vegetativa, bastante ativa na produção de brotos e keikes, forma um emaranhado de folhas, raízes e pequenos e bem formados pseudobulbos. Esse auge metabólico ocorre normalmente na primavera, período em que a planta deverá receber copiosas regas e adubação regular com macro e micronutrientes.

Passada essa etapa do desenvolvimento da sua parte vegetativa, o orquidófilo deverá respeitar o período de estresse hídrico de que a planta necessita para florescer adequadamente. Essa interrupção das regas deve ser iniciada no final do verão e seguir até que a planta comece a formar os botões florais. Caso esse procedimento não seja feito corretamente, no lugar da formação dos botões, serão formados novos keikes e a planta não florescerá como deve.

Por ser muito vigoroso, o Dendrobium loddigesii deve ser plantado de forma que possa se desenvolver e se espalhar livremente. É muito comum vermos plantas dessa espécie literalmente derramando sua parte vegetativa para fora do vaso. O que explica o fato de que em muitos casos também é muito frequente vermos essas plantas vegetando em grandes placas de madeira.

Touceira ricamente florida de Carlos Del Porto na exposição da Sociedade Bandeirante de Orquídeas
Originária da China, do Vietnã e de Laos, trata-se de uma planta epífita, mas já foram detectadas algumas ocorrências dessa espécie vegetando como rupícola, o que nos deve servir de aprendizado para compreendermos que, devido a esse fator, deve-se evitar deixar suas raízes encharcadas por um período muito prolongado. No que se refere à umidade ambiente, deve ser elevada, já que são provenientes de florestas úmidas em altitudes que podem variar de 400 até 1500 metros.



Lesmas & caramujos

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Fonte da imagem: stockvault.com  I Clube do orquidófilo  

Como eliminar esse problema

Períodos prolongados de chuvas, elevação exagerada da umidade no orquidário, utilização de substratos que retenham água em excesso, utilização incorreta de sistemas automáticos de irrigação, ou a soma de dois ou mais desses fatores, pode causar a ocorrência de lesmas e caramujos em nossas orquídeas. Desse modo, o conhecimento e a observação das causas do problema sempre serão, sem dúvida, os melhores métodos de controle. É importante ficar atento a essas causas e controlá-las antes que a situação se agrave.

Uma vez instaurado o problema, o orquidófilo poderá utilizar alguns recursos para tentar resolvê-lo. O mais comum e eficaz em coleções pequenas ainda é a catação manual, que pode ser feita por meio de iscas ou mergulhando o vaso na água.

As iscas podem ser feitas com materiais porosos que conservem umidade, como espojas ou mesmo pão amanhecido embebidos em cerveja. Essas iscas devem ser espalhadas no orquidário no final da tarde e verificadas à noite, período em que as lesmas e os caramujos entram em maior atividade. Mergulhando o vaso na água por alguns minutos esses moluscos precisarão emergir à superfície e poderão facilmente ser catados manualmente e eliminados.


Caso a infestação torne-se mais grave e nenhum dos métodos acima se mostre eficaz, o orquidófilo deverá utilizar lesmicidas ou moluscocidas como o ‘Ferramol’que utiliza Fosfato de Ferro, uma substância que age por ingestão e interrompe a alimentação das lesmas, ou o ‘Metarex’, que é um granulado que possui 5% de Metaldeído em sua fórmula, agindo em contato com os pés do molusco causando seu entorpecimento, aumento da secreção e finalmente sua desidratação.




Cattleya Pedra da Gávea

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C. Pedra da Gavea I Foto & cultivo: André Merez

Uma bela criação de Aniel Carnier

Trata-se de mais um híbrido histórico formado da bem sucedida junção de dois outros clássicos da hibridação, a C. Pão de Açúcar e a C. Penny Kuroda. Essa planta certamente conquistou seu espaço entre os muitos orquidófilos entusiastas das chamadas “pintadinhas”, como é o caso da Blc Durigan, da C. brabantiae, C. Landate, entre outras.

No conceituado site de registro de híbridos “Royal Horticultural Society”, consta o registro dessa planta feito por R.B. Cooke em maio de 2002, mas originalmente ela foi criada e nomeada por Aniel Carnier, conceituado orquidófilo da cidade de Rio Claro, no Estado de São Paulo. Pelo que se pode verificar na descrição do registro, Cooke fez a gentileza de registrar a planta criada por Carnier, sem deixar de evidenciar os méritos da criação.

Depois de muita pesquisa, inclusive conversando com orquidófilos mais experientes que tiveram contato com Aniel Carnier, não foi possível até o momento ter conhecimento dos motivos exatos que levaram o criador dessa planta a escolher o nome de “Pedra da Gávea”. O que pode ser suposto, é que o nome tenha sido criado em analogia de um dos parentais que entraram nesse cruzamento, a Cattleya Pão de Açúcar.


O monólito gnaisse chamado Pedra da Gávea é considerado o maior bloco de pedra a beira mar do mundo e situa-se no litoral do Rio de Janeiro, mais precisamente entre os bairros de Barra da Tijuca e São Conrado. Trata-se de um ecossistema da Mata Atlântica secundária rico em bromélias e orquídeas, entre elas a famosa Laelia lobata, endêmica desse local.



Blc Durigan

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Blc Durigan I André Merez I Clube do Orquidófilo

O híbrido dos híbridos

Resultado muito bem sucedido do cruzamento entre duas plantas tetraploides a Blc Wainae Leopard e a Cattleya Corcovado, as Durigan apresentam uma variedade bastante interessante de cores e padrões diferenciados em sua principal característica que são suas pintas. Segundo informações obtidas no site do Orquidário Durigan, essa variação de cores pode abranger o vermelho, amarelo, rosa, verde, acobreado, dourado, flameadas com pintas distribuídas de várias formas pelas pétalas e algumas originando lindos agrupamentos.

Criada pelo orquidófilo paranaense Josélio Durigan em meados de 2000, esse híbrido tem ainda duas características muito bem-vindas aos colecionadores. Suas florações podem ocorrer duas ou mais vezes por ano e suas flores chegam a durar mais de trinta dias. Essas qualidades garantem uma participação muito frequente desse híbrido na maioria das exposições de orquídeas em todo país. É frequente visitarmos exposições em diferentes épocas do ano e termos a oportunidade de ver uma bela Blc Durigan entre as plantas expostas e muitas vezes entre as premiadas no pódio.

Na categoria dos híbridos pintalgados, as Durigan certamente ocupam uma posição de destaque entre os colecionadores. Interessante observar que até os orquidófilos mais puristas que não são muito afeiçoados aos cruzamentos, dificilmente resistem à beleza particular que essa planta consegue possuir. Esse quesito até nos permitiria afirmar que, por diversos motivos, seja perfeitamente possível considerá-lo não apenas mais um híbrido, mas o “híbrido dos híbridos”.  

Quanto ao histórico dos cruzamentos que levaram à realização desse híbrido, considerando toda a trajetória anterior à sua criação com o cruzamento de seus dois últimos parentais (Blc Wainae Leopard e Cattleya Corcovado) podemos afirmar, segundo informações obtidas em uma palestra do orquidólogo Ricardo Gioria, que as Durigan trazem em seu histórico as seguintes porcentagens:


Interessante descobrir que, os primeiros cruzamentos que deram origem às plantas anteriores aos dois últimos parentais que formaram esse híbrido, de alguma forma, estão presentes nessa incrível miscelânea das mais variadas cores e formas que resultaram na enorme variação detectada entre os 16 mil primeiros seedlings feitos por Josélio Durigan. Algo admirável e de grande valor para o estudo das hibridações feitas em nosso país.

Importante registrar também que a criação de Josélio Durigan recebeu diversos prêmios internacionais oferecidos pela AOS (American Orchides Society), entre eles o  Award of Quality (AM) para o cruzamento que originou a Blc. Durigan (Blc. Waianae Leopard x C. Corcovado), somente ofertado a três ou quatro cruzamentos em todo o mundo. E também o Highly Commended Certificate (HCC,)pelas plantas Blc. Durigan “Aquarius”; Blc. Durigan “Aquila”; Blc. Durigan “Cygnus”; Blc. Durigan “Estrela de Barnard”; Blc. Durigan “Sagittarius”; Blc. Durigan “Scorpius” e a Blc. Durigan “Sirius.



Orquídeas da Serra do Castelo: Lançamento do volume I

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Serra do Castelo - Espírito Santo   I   Foto: Renato Ximenes Bolsabello

O maior levantamento das orquídeas da Serra do Castelo ES

Finalmente chega ao público ávido de conhecimento o volume I da coleção Orquídeas da Serra do Castelo, finalizando uma série de 4 volumes elaborados pelos orquidólogos Guy R. Chiron e Renato Ximenes BolsanelloA coleção completa possui  mais de 1700 páginas em papel couché alto brilho, fotos em alta definição e desenhos a bico de pena para quase todas as 700 orquídeas constantes na coleção. 
Neste volume que está sendo lançado agora, são apresentados também a Geografia, Geologia e o clima desta região além de  informações históricas a respeito dos primeiros desbravadores de orquídeas que visitaram o ES. O volume conta ainda com índice remissivo, chaves de identificação de orquídeas e, complementando o levantamento da região estudada, são apresentadas com maior ênfase as orquídeas terrestres 
O nascimento dessa coleção de 4 livros científicos aconteceu em 2013 e teve entre seus principais objetivos descrever todas orquídeas da região da Serra do Castelo, que até então não se tinha ideia do tamanho exato, porém havia a certeza de um grande potencial, já que a região sempre foi tida como a maior concentração de endemismo do país. 
Vale muito acrescentar que os autores dessa coleção passaram 15 anos pesquisando a região em diversas expedições para apresentar um estudo preciso, extremamente rico em informações com fotos, desenhos  e descrições científicas que representam o primeiro inventário completo das Orquídeas do Espírito Santo, finalmente finalizado e apresentado ao público. 





A Serra do Castelo, também conhecida como Serra do Espírito Santo, é uma ramificação da Serra da Mantiqueira e ocupa as áreas montanhosas centrais do Espírito Santo. Possui  altitude média de 758m, com as maiores cotas de altitudes concentradas na área central da Serra, sendo seu ponto culminante o Pico do Forno Grande, o quinto maior do Espírito Santo, situado no município de Castelo, com seus 2039 m de altitude.
A característica principal do relevo da Serra do Castelo são os muitos e belos vales, cavados por numerosos cursos d'água que nascem na Serra do Castelo, devido ao alto índice pluviométrico da região (cerca de 2.300 mm de precipitação média anual), com clima tropical de altitude - possui temperaturas bem amenas nas quatro estações do ano, que aliás são bem definidas. As menores temperaturas da serra são registradas no Alto Melgaço, no Forno Grande e na Pedra do Garrafão, que registram pelo menos 2 dias de geada por ano.
Serviço:Para adquirir qualquer um dos 4 volumes lançados pela editora Tropicália, os interessados deverão enviar e-mail para renatoxb@hotmail.com informando o nome, endereço completos e o número de telefone para contato.
Aspecto interno de uma parte do volume I



Lc Aloha Case 'Ching Hua'

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Foto & cultivo: André Merez

Um cruzamento de boa forma


Esse híbrido que resulta do cruzamento entre Lc Mini Purple x C. walkeriana tem como uma de suas principais características a facilidade no cultivo. Planta bastante vigorosa, desenvolve-se com rapidez quando suas necessidades são devidamente atendidas. Pouco exigente e bastante tolerante às incoerências de cultivo, pode e deve ser uma planta recomendada aos orquidófilos pouco experientes. Pode ser cultivada nos tradicionais 50% de sombreamento junto com as demais Cattleya da coleção, sem maiores recomendações.

Outra qualidade bastante apreciada nessa planta é sua boa forma. Geralmente de boa armação e textura, suas pétalas e sépalas formam um conjunto harmonioso e bem equilibrado. Atendendo aos critérios de julgamento exigidos pelas comissões julgadoras das principais exposições do Brasil.


Há ainda dois aspectos dessa planta que não podem deixar de ser comentados. Primeiro sua cor que sempre é muito boa, principalmente em seu labelo que, na forma tipo, é de um rubro bastante marcante e intenso, e segundo seu perfume que é bastante perceptível e semelhante ao detectado em seus parentais.




Cultivo no estilo japonês

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Fonte da imagem: Seed Engei Japonese Orchids

Fukiran: a orquídea rica e nobre 


Fazer novas experiências e buscar formas alternativas de cultivo é sempre uma boa maneira de aprender e se aprimorar. A curiosidade e, consequentemente, a pesquisa e a experimentação são competências bem-vindas em qualquer área de nossas vidas e no cultivo das orquídeas não poderia ser diferente. Foi isso o que exatamente ocorreu com meu interesse pelo cultivo das Neofinetia.

Em pesquisas pela internet, certo dia ‘esbarrei’ com o nome ‘Fukiran’ e a partir daí abriu-se uma série de informações muito ricas que me conduziram a tentar experimentar, acredito que de maneira pioneira no Brasil, uma forma de cultivo desse gênero que é bastante difundida no Japão e nos Estados Unidos, mas que aqui no Brasil ainda não se teve notícia.

Foto: Jim Michaels

O cultivo no estilo japonês é feito com as raízes das plantas literalmente ‘enroladas’ por longas tiras de musgo esfagno que formam bolas e são acomodadas em pequenos vasos que podem ser de barro ou de plástico com cortes laterais para drenagem e ventilação. Como se pode observar nas fotos desta matéria, os vasos servem basicamente para apoiar o esfagno em que as raízes da planta ficam enroladas. Para serem apresentadas nas exposições, as plantas são retiradas dos vasos de cultivo junto com a bola de esfagno e acomodadas em requintados vasos finamente decorados, já que a apresentação impecável dessas plantas é muito valorizada entre os entusiastas da espécie. É interessante observar que esses vasos são considerados objetos de arte e, na maioria das vezes, alcançam valores muito mais altos do que os preços das próprias plantas que eles contêm.


Fonte da imagem: Fukiran American Society

Trata-se de uma tradição que agrupa fieis seguidores, tanto no Japão quanto nos Estados Unidos, chegando mesmo a existirem associações específicas sobre o assunto. A saber, a Fukiran Society of America e a Japan Fukiran Society possuem centenas de associados, realizam grandes exposições anuais e mantêm sites com conteúdo de alta qualidade e atualizações frequentes. Também é possível encontrar grupos e fan pages sobre o tema nas redes sociais, muito dinâmicas e com participação muito enriquecedora de membros ativos e interessados; contudo, a participação de brasileiros, mesmo de descendentes de japoneses, nesses meios ainda é quase nula.

Foto: Seed Engei

Considerações importantes sobre o cultivo


O cultivador das Neofinetia deve estar atento principalmente aos fatores relacionados à umidade ambiente, o controle das regas e a ventilação. Tanto o excesso quanto a falta de umidade nas raízes podem ser fatais para essa espécie. Raízes encharcadas durante muito tempo apodrecem e secas demais causam a rápida desidratação das folhas. O ideal é que haja uma breve secagem do substrato entre as regas. É importante observar também que as regas podem ser mais fartas nos meses quentes, na primavera e no verão quando as plantas encontram-se em desenvolvimento ativo, e reduzidas nos meses mais frios do outono e inverno.   A umidade ambiente, no entanto, pode e deve ser elevada, de preferência acima dos 50% durante todo o ano. Essas plantas se beneficiam muito da umidade ambiente e da ventilação que, juntas podem garantir plantas saudáveis e vigorosas. 

Quanto à luminosidade necessária, deve estar em torno de 50% de sombreamento. Sobre a aplicação de nutrientes acrescenta-se ainda, segundo informações da Fukiran Society of America, que o fornecimento de cálcio e magnésio mostrou-se extremamente benéfico para essas plantas.
   

Algumas observações sobre o cultivo das Neofinetia no estilo japonês:

  •  Ao enrolar as raízes com o musgo esfagno a pressão exercida pelas mãos deve ser média para que este não fique nem muito solto, nem muito compactado;
  •   É importante que o musgo utilizado seja de boa qualidade para que o trabalho seja feito com mais eficácia e tenha mais estabilidade e durabilidade;
  •  As plantas cultivadas dessa forma não devem ser submetidas ao mesmo regime de regas das demais plantas da coleção;
  •  As regas são mais eficazes se feitas com sistema de irrigação em forma de névoa, ou, no caso de coleções menores, as regas podem ser feitas com borrifadores.
  • Caso estejam bem plantadas e as regas sejam feitas da maneira correta, é perceptível o bom desenvolvimento das plantas com a emissão de novos brotos e raízes.
  • Essas plantas possuem metabolismo lento e não são muito exigentes no que se refere ao fornecimento de fertilizantes, logo, uma adubação homeopática, com adubo bem diluído e rico em Cálcio e Magnésio, apresenta bons resultados
            

    Experimentando e aprendendo


Sempre cultivei esse gênero utilizando como suporte mais eficaz o cachepot de madeira e como substrato uma mistura em partes iguais de musgo esfagno e casca de pinus com carvão. Nesse modelo de cultivo sempre obtive sucesso, com bom desenvolvimento da parte vegetativa e florações satisfatórias. Só recentemente resolvi iniciar uns testes com o cultivo no estilo japonês, portanto ainda me encontro em fase de adaptação com esse estilo. Ainda preciso me adaptar com o manejo diferenciado no que se refere às regas, à umidade ambiente, a adubação e a periodicidade dos reenvases. Separei algumas mudas especificamente para essa finalidade e optei por utilizar como suporte o vaso de barro por sua característica de secagem mais rápida.

Primeiros testes de cultivo no estilo japonês feitos por André Merez
   
Estarei acompanhando o desenvolvimento dessas plantas, fazendo registros e procurando aprimorar cada vez mais os procedimentos, que até o momento são totalmente novos para mim. A princípio já pude perceber que é possível sim ter sucesso com esse tipo de cultivo, desde que o controle da quantidade de água no musgo esfagno não seja negligenciado. Depois de mais algum tempo e com o desenvolver do experimento, pretendo fazer atualizações nesta postagem para que o processo possa ser descrito em sua trajetória. Por hora posso dizer que estou bastante empolgado com a ideia de cultivar essas plantas dessa maneira e de cogitar a possibilidade de ser um dos pioneiros a experimentar e difundir esse tipo de cultivo em terras brasileiras. Desejem-me 'boa sorte'. 

   






Entrevista com Reginaldo Vasconcelos

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Uma vida dedicada ao amor pela natureza



Reginaldo Vasconcelos tem sido uma das figuras centrais na orquidofilia brasileira, principalmente no que se refere às descobertas de novas espécies na Região Leste de Minas Gerais e na disseminação de toda gama de conhecimentos que essas descobertas implicam. Esse mineiro de Governador Valadares é responsável por trazer ao conhecimento do mundo orquidófilo algumas dezenas de novas espécies de orquídeas e de bromélias, é colaborador frequente com artigos para a Revista da AOSP e de outras publicações do segmento e também realiza palestras sobre o tema das orquídeas em seu hábitat. Para quem já teve a feliz oportunidade de assistir às suas palestras ou conversar com ele pessoalmente, não poderá negar que a orquidofilia em sua vida é como um verdadeiro sacerdócio, tamanho é o amor e a devoção que suas apresentações demonstram.

Convidado a conceder esta entrevista ao Clube do Orquidófilo, Reginaldo Vasconcelos se mostrou prontamente muito interessado no convite e respondeu às perguntas de maneira bastante agradável e inteligente. Os mais atentos à leitura ainda poderão perceber que o entrevistado discorre sobre assuntos complexos sem deixar de lado certo “gosto” pela simplicidade da fala mineira com ares de prosa à beira do fogão a lenha com direito ao cafezinho passado na hora. E essa é sem dúvida uma de suas principais convicções na orquidofilia, que o conhecimento seja repartido entre as pessoas de forma compreensível, para que todos tenham oportunidade de aprender democraticamente.

Na entrevista que segue, Reginaldo fala sobre suas experiências com as orquídeas na infância, seu interesse e suas descobertas nas expedições aos hábitats e ainda opina em assuntos relacionados a temas polêmicos no meio orquidófilo como o melhoramento de espécies e os critérios de julgamento praticados nas exposições de orquídeas no Brasil. Oportuna e necessária, essa entrevista tem principalmente a finalidade de registrar formalmente e trazer ao conhecimento de nossos leitores o papel importantíssimo que esse pesquisador tem desempenhado em prol da orquidofilia brasileira.

Boa leitura!
André Merez     



CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Fale sobre sua iniciação na orquidofilia. De que maneira se deu seu interesse por essa família botânica? Houve algum episódio em particular que fosse o causador desse interesse?

REGINALDO VASCONCELOS: Desde criança eu sempre tive envolvimento com as plantas, me lembro de que ficava colhendo flores e folhas por onde passava e ficava observando as estruturas, as cores e o perfume das plantas. Tudo me chamava atenção no mundo vegetal e eu sempre tive muita curiosidade de saber como as plantas cresciam, se reproduziam e também sobre a importância desses vegetais no mundo. Mas houve um momento, quando eu tinha 9 anos, que eu me deparei com uma orquídea numa árvore, era um Dendrobium nobile que estava em uma Mangueira. Fiquei tão admirado e intrigado com aquela situação que em minha cabeça foram surgindo muitas dúvidas sobre aquela planta. Como ela conseguia viver fixada em uma árvore sem terra? Ela prejudicava a mangueira? Como as raízes da planta se fixavam ali? Dai por diante eu comecei a procurar informações sobre as orquídeas e até hoje tenho muita coisa a aprender sobre elas.

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Existe alguma pessoa em particular que tenha o influenciado diretamente para despertar seu interesse pelas orquídeas. Como aconteceu?

REGINALDO VASCONCELOS: No caminho das nossas vidas muitas pessoas vão surgindo e na minha vida orquidófila não foi diferente. No início do meu envolvimento com as orquídeas eu tive dificuldade de obter informações sobre elas; teve uma fase que eu ajudava na manutenção de uma floricultura só para ter acesso às revistas e livros de plantas que existiam no estabelecimento (fui até reprovado na escola porque matei mais de mês de aula só para ficar na floricultura), minhas primeiras informações sobre orquídeas eu adquiri desse modo. 

Depois conheci duas senhoras aqui em minha cidade, dona Célia Miranda Chaves Correa e dona Gilda Espindola que já tinham coleção e eu, literalmente, perturbava a vida delas só para aprender mais sobre as orquídeas e ficar em contato com as plantas. Naquela época não existiam muitas possibilidades de comprar plantas e poucas pessoas tinham condições para isso, pois as orquídeas eram muito caras. Esse contato com essas senhoras e suas coleções de me fez aprender muito, especialmente sobre o cultivo. Eu as ajudava nos tratos das plantas, fazia plantio, aplicava adubo, limpeza do orquidário... é assim que se aprende, praticando.

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Qual é a proporção da importância que o cultivo e o estudo das orquídeas têm em sua vida? O que essa paixão representa pra você?

REGINALDO VASCONCELOS: Simplesmente eu não consigo me imaginar sem estar envolvido com as orquídeas e com o meio orquidófilo. Desde cedo, como falei antes, eu tenho esse fascínio pelas orquídeas e minha vontade de estar “fazendo orquidofilia” é cada vez maior. As orquídeas me trazem satisfação, prazer, alegria e conquistas, isso é algo que eu acredito que todas as pessoas desejam na vida. Minha sorte é que eu soube direcionar e fazer o meu caminho no mundo das orquídeas, sinto muito prazer e alegria em falar sobre elas e aprender cada vez mais.

Hoffmanseggella alvarenguensis em seu hábiat  I Foto: Reginaldo Vasconcelos

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Sua carreira na orquidofilia é principalmente reconhecida por suas expedições nos hábitats e pelas diversas descobertas de novas espécies. Fale sobre esse trabalho. Quantas e quais espécies já foram de sua contribuição?

REGINALDO VASCONCELOS: Logo quando eu comecei a estudar as orquídeas despertou em mim um sonho, esse sonho era de encontrar, ver uma orquídea que ninguém nunca tinha visto antes e poder mostrar essa orquídea para as outras pessoas. É tão bom ver uma orquídea, agora imagina ver uma orquídea que ninguém nunca viu antes? Antes eu imaginava que esse sonho era algo que nunca poderia se tornar realidade, mas na medida em que o conhecimento se expande muitas possibilidades aparecem. 

Temos a grande sorte de viver num país lindo, rico em recursos naturais e de vida! Depois de certo tempo eu passei a fazer visitas em habitats aqui na minha região, o leste de Minas Gerais e, apesar de muito ter sido destruído pela ação do homem, ainda existem locais onde a biodiversidade está pouco comprometida e nesses locais é que ainda existem chances de se encontrar espécies novas. Essas expedições possibilitaram um maior conhecimento das espécies que existem por aqui e pode-se tranquilamente afirmar que não são poucas, muitas delas ainda nem foram descobertas e na medida em que essas novas espécies foram aparecendo, a necessidade de estudar esses ambientes só aumentou. 

Considero que esse trabalho de conhecimento dos habitats é importantíssimo e urgente, já que essas espécies correm risco de desaparecer sem serem conhecidas e estudadas. Felizmente encontrei pessoas que me ajudam no trabalho de estudo e descrição dessas novas espécies, pessoas que estão seriamente envolvidas e comprometidas com o estudo da nossa flora. Agradeço especialmente ao Marcos A. Campacci por se dedicar a apreciar minhas espécies de orquídeas e ao Elton M.C Leme, especialista em bromélias que também trabalha comigo. Essas são algumas espécies que ajudei na descoberta:

Orquídeas: Alatiglossum medinense, Anacheilium itabirinhense, Bulbophyllum reginaldoi, Bulbophyllum pitengoense, Catasetum deusvandoi, Coppensia vasconcelosiana, Dryadella ataleiensis, Dryadella krenakiana, Encyclia oliveirana, Encyclia xceliamirandae, Encyclia xjezuinae, Hoffmannseggella alvarenguensis, Hoffmannseggella campaccii, Hoffmannseggella guanhaensis, Hoffmannseggella nevesii, Hoffmannseggella vasconcelosiana, Pseudolaelia aromatica, Pseudolaelia ataleiensis, Pseudolaelia pitengoensis, Pseudolaelia vasconcelosiana.

Bromélias: Aechmea timida, Alcantarea lanceopetala, Alcantarea nana, Alcantarea occulta, Alcantarea vasconcelosiana, Orthophytum roseolilacinum, Orthophytum vasconcelosianum, Tillandsia castelensis, Tillandsia renateehlersiae, Vriesea rosulata, Vriesea sanctaparecidae.

Serra do Pitengo - MG  I  Foto: Reginaldo Vasconcelos

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Conhecer para preservar é uma máxima relativamente difundida entre os ambientalistas. Qual mentalidade você considera que seja importante se desenvolver no meio orquidófilo para fazer jus a essa máxima? Você acha que a orquidofilia no Brasil tem empreendido ações efetivas para essa finalidade?

REGINALDO VASCONCELOS: Entendo que sem conhecimento não conseguimos transformar nada. Não acredito que na orquidofilia esteja faltando conhecimento, o que na verdade está faltando é a disseminação do conhecimento. Da mesma forma que existem muitas pessoas que entendem bem do cultivo de orquídeas, outras entendem dos habitats, das questões relacionadas à nomenclatura e assim por diante. Deve se deixar claro que muitas pessoas se especializam em determinadas áreas do mundo orquidófilo e muitas vezes só dominam aquilo, o que falta é esse conhecimento circular entre as pessoas que gostam de orquídeas, que esse conhecimento seja discutido por todos e de forma respeitosa e democrática, que possibilite uma agregação de saberes que venha somar e não dividir. 

Existe atualmente muita superficialidade nas informações, me parece que o imediatismo tem feito com que a maioria dos cultivadores de orquídeas cometa erros. É visível e urgente a necessidade de informações mais coerentes no meio orquidófilo e acima de tudo, que as pessoas busquem informações mais seguras, estudando sobre as orquídeas. No Brasil a orquidofilia teve alguns pontos que melhoraram e outros que pioraram. O acesso às plantas, por exemplo, melhorou muito e isso também aumentou a carência de informações.  

Muitas espécies são reproduzidas e vendidas por todo lado e as pessoas que compram mal sabem do que se trata e como cuidar daquela orquídea. Aqui no Brasil temos muito que melhorar, temos em nosso território uma porcentagem grande das espécies e grandes produtores, o que falta é a cultura orquidófila sair desse estágio só de consumo e valorizar também o estudo e a pesquisa.

               
Fotos acima: Alcantarea occulta (esquerda) e Encyclia xjezuinae (direita)

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Justamente por ter a oportunidade de visitar muitos hábitats e ter contato com os aspectos morfológicos das plantas nativas e também conhecendo os aprimoramentos a que muitas plantas têm sido submetidas em laboratórios nas últimas décadas, podemos afirmar que esses aprimoramentos estejam descaracterizando as formas originais das espécies? Qual sua opinião a respeito disso?

REGINALDO VASCONCELOS: As pessoas sempre criaram e ditaram padrões de beleza e no mundo das orquídeas isso se consolidou; tudo voltado para o viés comercial. Antigamente os orquidófilos iam às nuvens quando eram encontradas variedades na natureza, especialmente cores que se diferenciavam do padrão das espécies. Hoje em dia os cultivadores estão muito exigentes com a simetria das flores e os produtores, querendo atender essa exigência e valorizar seus produtos logicamente, passaram a desenvolver plantas com tais “qualidades”. 

Na natureza as orquídeas são polinizadas aleatoriamente, penso que a percepção dos insetos seja muito maior do que nossa, quando eles vão ao encontro das flores das orquídeas, pois vários sentidos são despertados nos insetos quando são atraídos por elas, esses sentidos foram estabelecidos devido ao contato de milhares de anos entre esses seres. 

O homem criou as orquídeas híbridas para atender certos padrões que os atraem, até ai tudo bem. Mas depois foram as espécies que passaram a ser modificadas partindo da elaboração de padrões estéticos criados por nós. Uma Cattleya labiata tem que ser “redonda”, uma Cattleya walkeriana tem que ser “redonda” e por ai vai.... Questiono-me, até onde vai chegar isso? Imagino-me daqui a 40 anos em uma exposição qualquer onde serão expostas muitas walkerianas ou labiatas “melhoradas” e umas poucas da natureza e as pessoas se preguntando: Como? Quando? As pessoas não irão reconhecer as espécies na sua forma mais pura, hoje muitos mal sabem diferenciar uma planta “melhorada” de um híbrido.

Esses padrões estabelecidos por nós sobre as orquídeas criou também um outro fenômeno, e infelizmente faz com que haja uma diferenciação entre os próprios orquidófilos, uma espécie de marginalização de colecionadores onde alguns poucos têm “plantas de qualidade” e a grande maioria não.

Pseudolaelia ataleiensis   I   Foto: Reginaldo Vasconcelos

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Fale sobre suas palestras e sua dedicação à divulgação da orquidofilia. O que ainda pode ser feito a esse respeito?

REGINALDO VASCONCELOS: Reconheço minha missão como orquidófilo e disseminador do conhecimento, da importância do meu trabalho nos habitats naturais. Seria muito injusto que esse conhecimento que tenho formado esteja apenas sob o meu domínio. Quando esse conhecimento é transmitido, é como se uma cápsula orquídea se abrisse e suas sementes se espalhassem. 

Creio que quanto mais as pessoas aprenderem sobe a família orquidácea, melhor elas vão cultivar e preservar. Sinto-me honrado em poder falar sobre aquilo que amo e faço o possível para aprimorar meu conhecimento e passá-lo da forma mais clara possível para as pessoas, transmitir da forma que eu sinto e percebo as plantas em seu ambiente natural.

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Qual a importância das instituições e associações orquidófilas em sua opinião? Existe algo que você considera que seria importante essas associações implementarem em suas atividades além das tradicionais reuniões e exposições?

REGINALDO VASCONCELOS: As entidades orquidófilas têm uma enorme importância em auxiliar os amantes das orquídeas na construção da cultura orquidófila e no convívio social entre os colecionadores, aqueles que gostam de orquídeas têm de se reunir, estar juntos para discutir, aprender e trabalhar por essa cultura. As associações orquidófilas são os espaços mais apropriados para discutir e aprender todos os assuntos ligados às orquídeas. 

Vejo que muitas entidades têm se esforçado para oferecer aos seus frequentadores mais informações, mas o universo das orquídeas é praticamente infinito e se devem focar certos assuntos de interesse da maioria das pessoas e preparar boas aulas. Não aulas maçantes e com muitos termos técnicos, mas algo que seja de bom e fácil entendimento, se possível de forma lúdica. Uma das coisas que acho mais interessantes nas reuniões é quando associados levam suas plantas, mostram para os amigos e transmitem seus acertos e erros em uma troca de experiências muito rica.

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Ainda falando sobre as exposições realizadas em todo país, e mais especificamente sobre os critérios utilizados pela CAOB no julgamento das plantas expostas, existe algo que você acha que poderia ser modificado? Ou você considera que o julgamento de plantas como é feito atualmente seja satisfatório?

REGINALDO VASCONCELOS: Esse é um assunto muito complicado de se falar! Em minha opinião não vai existir premiação que agrade a todos ou um julgamento que seja realmente justo. Tenho a dizer que o julgamento nas exposições de orquídeas nem poderia ser chamados realmente de julgamento. O que normalmente ocorre é apenas uma comparação entre as plantas expostas e muitas vezes certas qualidades notórias e importantes são ignoradas. Já fiquei muito decepcionado com pódios onde prevaleceram o gosto pessoal dos juízes e o favoritismo por conta de amizade. Plantas sendo julgadas em categorias nas quais não se encaixam. Exemplo: Um híbrido sendo julgado como espécie e sendo premiado como tal. Aqueles que são responsáveis em julgar as orquídeas têm de entender muito sobre elas, em vários aspectos.

Infelizmente vejo pessoas que apenas cultivam orquídeas unicamente para levar às exposições e receber premiação, acho isso muito medíocre.

CLUBE DO ORQUIDÓFILO: Fale sobre seus planos para o futuro. O que vem pela frente? O que você considera que possa começar a ser feito hoje para garantir um futuro promissor para a orquidofilia no Brasil?

REGINALDO VASCONCELOS: Pretendo continuar fazendo o mesmo trabalho que faço e por meio do qual muitos me conhecem; visitar habitats, conhecer melhor nossas espécies na natureza e passar esse conhecimento para as pessoas. Espero que as boas novidades continuem surgindo e que haja o empenho de todos na preservação da natureza de um modo geral. 

Desejo que a orquidofilia brasileira fique cada vez mais forte, que agregue mais pessoas que possam desfrutar do mundo mágico das orquídeas, do prazer de estarem reunidas para apreciar e aprender sobre elas. Que haja respeito, humildade e união. Agradeço ao André Merez pela consideração e por essa oportunidade.

Muito obrigado!


O Clube do Orquidófilo é quem agradece sua gentileza em nos conceder essa entrevista e deseja ainda muitas realizações em sua respeitável carreira na orquidofilia.

Muitíssimo obrigado. 



Paphiopedilum gratrixianum

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Paphiopedilum gratrixianum   I   Foto e cultivo: André Merez

Uma espécie nova na coleção


Essa é uma espécie do gênero Paphiopedilum que ocorre no Sudeste de Laos na Indochina e na região Norte do Vietnã em altitudes que podem variar entre 900 e 1200 metros. O ambiente adequado para o seu cultivo deve ser úmido, sem períodos de seca muito prolongados, sem o encharcamento das raízes e com boa ventilação.

O exemplar da foto acima foi adquirido durante a Exposição do Jardim Botânico de São Paulo e é proveniente da coleção do orquidófilo Kao Ta Chung da Associação Orquidófila de São Paulo (AOSP), conhecido no meio orquidófilo por sua admirável coleção desse gênero.

Trata-se de uma planta unifloral, com folhas oblongas e de ápice agudo. Apesar de sua semelhança e proximidade com o Paphiopeidlum villosum por um lado e com o Paphiopedilum insigne de outro, essa espécie distingue-se das outras duas por peculiaridades relativas às pintas das sépalas dorsais, pelo padrão das pétalas, pelo estaminoide e, principalmente, por sua parte vegetativa, cujas folhas possuem pequenas machas arroxeadas que surgem de sua base.

Para maiores informações sobre as peculiaridades de cultivo desse gênero veja o artigo completo publicado anteriormente no Clube do Orquidófilo, clicando AQUI



 www.clubedoorquidofilo.com.br

Brassocattleya Rustic Spots

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Foto & cultivo: André Merez   I   Clube do Orquidófilo


A orquídea híbrida que muda de cor


Ao que pude averiguar essa planta é o resultado do cruzamento entre outros dois híbridos, a Bc.Richard Mueller e a C. Landate. Segundo informações do ‘Tuckers Orchids Nursery’ esse cruzamento foi feito pelo orquidófilo Roy Tokunaga no Havaí e é bastante difundido nos meios orquidófilos das Américas do Norte e do Sul e na Europa.

De porte pequeno, observando-se a planta e particularmente suas folhas, percebemos facilmente que herdaram o aspecto de seu parental predominante, a Brassavola, porém apresentam-se eretas e com organização bastante peculiar e elegante. Suas flores tem a interessante característica de abrirem em uma tonalidade avermelhada bastante escura, próxima do vinho e depois irem clareando até se aproximar desse tom alaranjado que se observa na foto acima.

O exemplar da minha coleção tem sido cultivado em vaso de barro pequeno do tamanho justo para suas etapas de desenvolvimento e com boa drenagem. Vale acrescentar que as plantas híbridas que levam Brassavola em seu cruzamento são pouco tolerantes ao encharcamento de suas raízes, já que essa é uma característica muito marcante das Brassavola. Outro fator relativo a essa herança é o fornecimento de luz que deve ser um pouco mais intenso.



Cattleya loddigesii

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C. loddigesii 'Dona Hermínia' Foto & cultivo: André Merez

A verdadeira Cattleya paulista


Sem nenhum exagero, pode-se afirmar tranquilamente que a espécie de Cattleyaque mais caracteriza a Região Sudeste, particularmente o Estado de São Paulo, é sem dúvida nenhuma a Cattleya loddigesii. Apesar de serem detectadas ocorrências também nos Estados de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, é especificamente em São Paulo que se encontra o seu principal centro de dispersão. Inclusive tendo sido avistada inicialmente por John Lindley neste Estado em 1810 e enviada à Europa, onde floresceu pela primeira vez em 1811 e foi registrada em 1823 com esse nome em homenagem a um comerciante de plantas chamado Loddigess.

Essa é uma espécie que vegeta normalmente em árvores próximas de regiões de alagamento ou à beira de rios e seus pseudobulbos relativamente finos têm pouca capacidade para o armazenamento de água e nutrientes, daí a necessidade de cultivá-la em condições de umidade ambiente elevada para que não ocorra sua desidratação. A iluminação deve ser de média para alta desde que seja garantida uma boa ventilação ao redor da planta, fator determinante também para evitar o encharcamento e o consequente apodrecimento de suas raízes.
 
No orquidário, desde que esteja plantada em substrato com boa drenagem, pode receber regas mais constantes em sua fase de crescimento e mais reduzidas no inverno, porém, vale uma ressalva importante, em locais de invernos secos como em várias cidades do Estado de São Paulo, por exemplo, tome cuidado para não deixar o substrato seco por um período muito prolongado, o que poderia resultar na rápida desidratação de suas folhas e pseudobulbos. Em nosso cultivo observou-se também que a planta se beneficia e muito com a utilização de umidificadores do tipo que propiciam ao mesmo tempo ventilação e vapor d’água.

Suas flores são muito utilizadas em cruzamentos e hibridações devido suas características marcantes de apresentarem boa forma como planicidade, armação, textura e durabilidade. Medindo cerca de 10 cm de diâmetro, podem ser encontradas em variedades flameadas, aquinii, alba e sua variedade mais valorizada, a punctata, tendo como uma de suas mais famosas a denominada ‘Marisa’ com um dos padrões de pintas mais impressionantes.



Bulbophyllum orthoglossum

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Foto & cultivo: André Merez

Um sósia do Bulbophyllum carunculatum



Comprei essa planta ‘às cegas’ há uns bons anos, pelo menos uns cinco anos em uma exposição do Jardim Botânico de São Paulo. Na placa de identificação estava escrito Bulbophyllum carunculatum, mas no momento da compra não havia como saber a cor ou a forma dessa espécie e na época eu não a conhecia. Devo tê-la cultivado pelo menos uns dois anos sem obter floração, mas sua parte vegetativa desenvolveu-se bem, emitindo novos brotos e enraizando muito bem no vaso de barro com substrato de casca de pinus com carvão que utilizei para reenvasá-lo.

Achei interessante que, diferente das outras plantas dessa espécie que eu já conhecia, essa não possuía aquele espaçamento de rizoma entre os pseudobulbos que é tão característico dos Bulbophyllum. Só depois vim saber que esse gênero possui plantas desses dois tipos de comportamentos vegetativos.

Quando finalmente essa planta floriu, acabei descobrindo que se tratava na realidade da espécie ‘orthoglossum’ e não carunculatum, como estava escrito na placa de identificação que veio com a planta. O motivo da confusão na identificação é compreensível, já que as flores dessas duas espécies são realmente muito parecidas, sobretudo quando vistas por meio de fotos. Porém, quando vistas pessoalmente, percebe-se de imediato o que as diferencia. Acontece que o Bulbophyllum carunculatumé uma planta bem mais robusta com sua parte vegetativa e suas flores bem maiores do que as do Bulbophyllumorthoglossum.

Não bastasse essa ‘celeuma’, encontrei ainda no site ‘Orchidspecies’ a definição do Bulbophyllum orthoglossum descrito como uma subespécie do amplibracteatum juntamente com carunculatum. Considerando o conjunto das informações obtidas, e considerando principalmente as diferenças do porte dessas duas espécies, concluí que a planta da foto acima é realmente o Bulbophyllumorthoglossum.


Semelhanças e diferenças à parte, trata-se de uma planta de cultivo relativamente fácil e de crescimento bastante vigoroso. Pode receber o mesmo sistema de regas, iluminação e adubações de uma Cattleya, por exemplo, que se desenvolverá bem e não faltarão suas florações sequenciais, todo ano.





Entrevista com o Professor René Rocha

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Professor René Rocha autografando seu livro na Bienal de São Paulo

René Rocha e os estudos sobre cultivo


O Professor René Rocha é reconhecido no meio orquidófilo por sua contribuição no que se refere, principalmente, às questões relativas ao cultivo e à disseminação dos resultados das pesquisas e experimentos que realiza em seu orquidário. Dotado de espírito investigativo e de uma curiosidade extremamente jovial, esse mineiro nascido em Areado, dedica sua vida e grande parte de seu tempo à elaboração e divulgação de literatura didática sobre o cultivo das orquídeas, principalmente em sua obra “ABC do Orquidófilo – de uma, várias ou muitas orquídeas”, um guia que contempla aspectos extremamente importantes para os que pretendem manter uma coleção de orquídeas saudável e equilibrada.

Em meu contato com o Professor René pude perceber claramente tratar-se de uma pessoa voltada ao conhecimento, aos estudos e também à cultura. Homem de amor às Letras e às orquídeas, René Rocha consegue unir suas vocações de maneira bastante criativa e inovadora, trazendo ao seu público leitor a oportunidade de conhecer cada vez mais sobre as teorias que resultam na melhoria significativa do trato direto com as plantas.

Na entrevista que se segue, o Professor René fala sobre sua experiência de mais de trinta anos de cultivo, esclarece seus leitores sobre as atualizações a que sua obra foi submetida nos últimos anos e ainda antecipa um pouco de seus projetos literários em andamento. De grande importância para a perpetuação de uma orquidofilia mais voltada à pesquisa e ao estudo, esta entrevista com o Professor René Rocha, tem a finalidade central de trazer ao público leitor do Clube do Orquidófilo, a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra desse orquidólogo autodidata que tanto tem trabalhado para promover e incentivar uma orquidofilia de maior qualidade em nosso país.

Boa leitura!

André Merez




Clube do Orquidófilo – Como você interpreta o antagonismo que se percebe na orquidofilia presente no dilema ‘Paixão versusRazão’?  Dá pra fazer orquidofilia a contento focando-se em apenas uma dessas duas forças?

René Rocha – O orquidófilo(a) colecionador superficial, na grande maioria apaixonado e mero juntador de plantas,  parece não ter muita vontade de obter conhecimentos ou de dispor um tempinho diário para estudos.  Apenas se apressam em formar logo uma coleção. Nunca lhes sobra tempo para adquirir conhecimento básico, o que é uma condição para o sucesso de qualquer empreitada.  Pensam que deverão existir produtos milagrosos em defensivos e adubos ou vitaminas salvadoras e orquídeas floridas sempre prontas para compras regulares e fonte de fotos maravilhosas para serem exibidas como mérito de seu cultivo.

Outra força, a dos racionalistas, mais lhes interessa a qualidade da flor e sua perfeição geométrica e seu alto valor estético e financeiro, chegando mesmo a desprezar as híbridas e as orquídeas botânicas ou até mesmo espécies naturais e que não mais se encaixam no modelo ou no ideal de perfeição e dos modismos.  Partem logo para tentativas de inseminação e reprodução artificial.   Bons estudiosos, geralmente, isto muito lhes aumenta a chance de sucesso e, principalmente, de especialização.
   
São dois extremos, que sempre comento com alguma reserva. Cada um desses, bem ou mal, incrementa a produção, importação, comercialização, e impulsiona o mercado. Manter o foco entre a racionalidade e a paixão, dirigindo-as convenientemente é sempre o melhor para o sucesso e o bem estar pessoal.

Clube do Orquidófilo – Considerando a necessidade de um aprofundamento nas questões relativas ao cultivo, quais observações importantes você apontaria nas diferentes formas de buscar informações sobre esse tema? A internet com os grupos de discussões sobre cultivo descartou a necessidade da busca por literatura especializada?

René Rocha – A internet sempre foi e será uma grande ferramenta e banco de informações e até de estudos, desde que o internauta já tenha formada uma base de conhecimentos, que lhe permita separar joios e trigos.  Daí a importância de revistas e livros e dos artigos técnicos e científicos, que são indispensáveis à formação de um leque de conhecimentos de base.  São fornecedores de teorias e de práticas mais adequadas e seguras e que permitem queimar etapas e evitar insucessos.
  
Porém, as redes sociais estão criando um novo perfil de internautas, o ‘The Flash’, aquele super-herói aliado ao santo Expedito, o das causas super-rápidas e prontamente atendidas. Por isso, relutei bastante ao ingressar nas redes sociais.  Elas esvaziaram os antigos grupos do Yahoo e outros parecidos, onde se permitiam dinâmicas de grupo nos debates e os armazenavam para futuras consultas.  Nos grupos das redes sociais poucos arquivos são armazenados e poucos debates se alongam às conclusões necessárias.  Em raras oportunidades aí consegui participar e incentivar episódios de brainstormingbem sucedidos.
              
A técnica de brainstorming (expressão inglesa formada pela junção das palavras "brain", que significa cérebro, intelecto, e "storm", que significa tempestade) propõe que um grupo de pessoas se reúna e utilize seus pensamentos e ideias para que possam chegar a um denominador comum, a fim de gerar ideias inovadoras e que levem um determinado projeto adiante.
  
Nenhuma ideia deveser descartada ou julgada como errada ou absurda, todas devem estar na compilação ou anotação de todas as ideias ocorridas no processo, para depois evoluir até a solução final.  Nos grupos das redes sociais, em geral,parece que os assuntos ficam inacabados e apressados, tipo:  Oi,  tchau  ou  ‘berebará-e-lepolepo’, como recentemente aí escreveu um amigo internauta. 

Clube do Orquidófilo – Sua atuação na orquidofilia é conhecida pela preocupação com a pesquisa e a divulgação de conhecimentos de modo prático para o público orquidófilo. De que maneira o ABC do Orquidófilo tem contribuído para esse objetivo? Fale sobre os principais objetivos desse trabalho.

René Rocha – Desde seu lançamento, em setembro de 2008, tenho feito várias reimpressões,  corrigindo e atualizando. Recentemente, na segunda edição de setembro de 2014, as modificações foram mais amplas e impulsionadas pelas grandes mudanças ocorridas na nomenclatura.  Nestes sete anos, as informações ali transmitidas foram tomando força e aceitação, devido à sua forma didática, à simplicidade na comunicação com o leitor e à consulta fácil de assuntos e termos técnicos na obra, mas principalmente pela honestidade do texto.   Procuro sempre traduzir a aridez da linguagem científica sem a tornar simplória.  Assim, incentivo o leitor ao aprofundamento nos estudos e pesquisas, e a caminhar com pernas próprias e levar a sério, mesmo que cultive poucas orquídeas e apenas por lazer. 


Além do texto e fotos em cores, o livro também conta com um CD em encarte com mais de 2.500 fotos e imagens, arquivos de apoio e de atualizações sempre sendo ampliados a cada nova reimpressão ou edição.   A obra conta também com a assistência permanente ao leitor e a qualquer interessado.  Para dúvidas ou expansão de assunto sobre orquídeas, atendo diariamente através do formulário de contato e ‘pergunte ao professor’, no site: www.abcdoorquidofilo.vai.la.  Mas isto não sai de graça ao solicitante, já que farão parte de meu novo ABC das mil perguntas e respostas, um livro escrito a mil mãos de leitores e perguntadores, mais uma, a minha; Mil e uma mãos, portanto!

Clube do Orquidófilo - Fale-nos um pouco sobre o seu cultivo, suas preferências e experiências importantes adquiridas ao longo desses 33 anos de orquidofilia.

René Rocha – Minha coleção é um misto de orquidário e laboratório de experimentos e pesquisas.  O plantel é eclético, pois gosto de quaisquer orquídeas que possam se adaptar, e cada novo broto e raiz me fascinam, tanto quanto uma nova espata e flor. Raramente compro plantas a preços elevados. É neste orquidário em área urbana, e também em outros dois de que cuido, localizados na área rural que faço minhas pesquisas, tocando, em média, 20 experimentos ao ano. São investigações sobre adubação e defensivos, substratos e modos de cultivo.

Nos últimos cinco anos, especialmente sobre resultados do Manejo Integrado de Cultivo, usando tanto agentes biológicos disponíveis quanto o agroquímico mais eficiente e de menor toxidade. Apenas uso agroquímico quando estritamente indispensável, e seguindo metodologia mais segura e individualizada de aplicação e seguindo receituário de meu agrônomo de confiança e protocolos de manejo integrado.  Isto é objeto de meu novo livro, ABC das Pragas e Doenças.  Todas as pesquisas que faço estão alimentando os quatro novos livros que estou redigindo.
   
Clube do Orquidófilo – Qual é o tamanho da sua coleção atualmente? Seu plantel é variado ou procura focar seu cultivo em determinados gêneros?

René Rocha – Mantenho perto de mil orquídeas, pois é o espaço que possuo em meu quintal, quantidade ajustada para o tempo de que disponho para bem cuidar e tocar experimentos. Sou um ‘orquitudo’ confesso, e procuro adaptar e descobrir novos modos de aclimatação nos orquidários de que cuido e, principalmente, no meu. Sempre tive preferência por plantas entouceiradas e que mostrem um bom cultivo e exuberantes floradas. Confesso que, no momento, as mini-Cattleya  híbridas ou espécies têm me atraído bastante.

Clube do Orquidófilo – No meio orquidófilo, fala-se muito da diferença entre “colecionador” e “juntador” de orquídeas.  O que é mais importante, quantidade ou qualidade?

René Rocha – Penso que depende do espaço, do tempo disponível, da disposição financeira e da orientação ou do interesse da coleção, sempre seguindo a máxima de cultivar apenas o que se consegue bem cuidar. O que seriam das orquídeas de interesse apenas botânico se  cultivassem apenas plantas de altíssima qualidade e premiadas? Quem tem bolso suficiente para tal?

A preservação de um banco genético com adaptação em cultivo é importante para a reprodução artificial e tão ou mais que a conservação na natureza.   Isto possibilitará a defesa de nossa flora continuamente devastada em nome do pseudoprogresso, regido por leis de proteção frouxas no seu cumprimento.   Quem nos garante que uma orquídea em seu habitat não será logo carbonizada junto com as árvores em fornos clandestinos para a indústria do aço?  Ou dizimada em ampliações da fronteira agrícola e pecuária ou de áreas para novos condomínios e grandes resorts?  Ou em inundações por represamentos de novas hidrelétricas?

Isso não quer dizer que se deva sair por aí coletando na natureza, mas conservar através de semeaduras in vitro, sim.  Um banco genético é uma importante, SE NÃO A ÚNICA solução e a qualidade (seja lá o conceito que se queira imprimir) sempre será importante. 
  
A palavra qualidade tem um conceito subjetivo, que está relacionado com as percepções, necessidades e resultados em cada indivíduo. Diversos fatores, como a cultura, modelos mentais, tipo de produto ou serviço prestado, necessidades e expectativas influenciam diretamente a percepção da qualidade”.


















Clube do Orquidófilo – Ainda falando sobre a qualidade das plantas, o que é uma orquídea de qualidade em sua opinião? Esse conceito deve passar necessariamente por questões relacionadas à morfologia da flor e da saúde vegetativa ou existem outros fatores que devem ser considerados?

René Rocha – Penso que se devam perseguir os conceitos de julgamento internacionais, como aqueles da AOS e JOGA, principalmente,  e adaptando-os às condições locais na tentativa de melhorar e internacionalizar os padrões brasileiros.   Dois fatores, a cada vez mais relegados em exposições e julgamentos são o mérito de cultivo,  que leve em conta a saúde vegetativa; outro, é que se deveria premiar a boa condição estética da orquídea, não aquela recentemente coletada,  mas aquela nativa e adaptada ao cultivo artificial e sem ter passado por melhoramentos genéticos.  Estas deveriam ser julgadas em categoria separada daquelas melhoradas artificialmente.

Clube do Orquidófilo – Uma Associação paranaense dedicada ao cultivo de Cattleya intermedia teve o cuidado de separar em diferentes categorias de julgamento as plantas nativas das plantas que passaram por melhoramentos genéticos. Qual sua opinião sobre esse critério de julgamento?
 
René Rocha – Parabenizo esta Associação paranaense, cuja ação deve ser imitada em todo o país também para outras espécies brasileiras.  Isto só vem a valorar e defender nossas espécies nativas e seu importante banco genético preservado em cultivo artificial ou nos habitats restantes.

Clube do Orquidófilo – Em seu site oficial ABC do Orquidófilo, encontra-se disponível para venda a segunda edição 2014 do seu livro ampliada e revisada. O que foi modificado nesta segunda edição?

René Rocha – Foi revisada, ampliada e, principalmente atualizada de acordo com a Nomenclatura atualmente aceita após o grande agito das publicações incentivadas e provocadas pelo mais recente Congresso Botânico Internacional (atualmente: Código Internacional de Nomenclatura de Algas, Fungos e Plantas), que gerou o Código de Melbourne de 2012.   As principais novidades, a de se permitir descrições em latim e também em Inglês, que facilitaram uma avalanche de novas publicações também  foi nova redação do Artigo 29.1, que incluiu a frase: "... A publicação também é efetiva pela distribuição eletrônica da matéria em Formato de Documento Portátil (PDF) em uma publicação online com um Número Padrão Internacional de Séries (ISSN) ou com um Número Padrão Internacional de Livros (ISBN)”.

A par disto, tive a preocupação de utilizar sempre o antigo nome como sinônimo do atual e aceito, para conservar o rumo ao leitor.   O processo de mudanças, em especial na Nomenclatura botânica, de fungos e algas tem sido a cada vez mais frequente pelo emprego de novas ferramentas de pesquisas científicas, daí a necessidade de sempre procurar atualizações nos checklists, facilitados através dos links ativos que estão no CD de encarte do ABC do orquidófilo desta 2º edição de 2014.
 
Clube do Orquidófilo –É verdade que existe um novo projeto seu em andamento sobre orquídeas híbridas? O que você pode nos antecipar sobre esse projeto?

René Rocha – Sim, mas não só.  São mais quatro livros sendo redigidos e só esperando o parto, pois livros possuem vontade própria de gestação e de nascimento: ABC das Pragas e Doenças; ABC do Cultivo e da Adubação; ABC das Mil Perguntas e Respostas, e o ABC das Híbridas, Orquídeas. Neles, serão introduzidas novas tecnologias e ferramentas de informática para computadores, e aplicativos para tabletes e celulares, além de vídeos.  Como se dará este milagre tecnológico?  Estamos trabalhando com afinco, junto com uma boa equipe de informática. 

Clube do Orquidófilo – Pra finalizar, qual seria o seu grande conselho para aqueles que se iniciam agora no caminho orquidófilo?

René Rocha – Que procurem caminhos de cultivo de orquídeas e de novas e boas amizades, da beleza, de bons sentimentos, de crescimento intelectual e pessoal, que só a orquídea consegue incentivar e reunir em torno de si, quase sempre.

"A orquídea espera seu tempo de ser tempo, de verdejante à bela cor."

Meus agradecimentos ao Clube do Orquidófilo -  na pessoa do Prof. André Merez e a todos os leitores desta entrevista.


Serviço:
Para maiores informações sobre o trabalho do Professor René Rocha ou para adquirir seu livro acesse o site oficial do ABC DO ORQUIDÓFILO.




Cattleya X Dolosa 'Kenny'

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Foto & cultivo: André Merez

Espécie ou híbrido?


Essa planta é resultado do cruzamento entre a Cattleya walkeriana alba ‘Pendentive’ e a Cattleya walkeriana albescens ‘Limrick’ e foi feito no ano de 1986 pelo Orquidário Limrick de Miami, Flórida. Aqueles que já tenham algum conhecimento sobre cruzamentos devem estar se perguntando “Por qual motivo essa planta é considerada uma ‘Dolosa’ se resulta do cruzamento entre duas espécies de Cattleya walkeriana?”. Bom, discussões e polêmicas à parte, a questão é que um dos parentais envolvidos nesse cruzamento não é uma espécie pura, pois foi cruzado com outra espécie, a Cattleya loddigesii. Logo, sabe-se que o cruzamento entre uma C. loddigesii e uma C. walkeriana, resulta em um híbrido denominado Cattleya X Dolosa.

A questão que aqui se poderia cogitar seria: Depois de cruzar uma C. walkeriana com uma C. loddigesii e criar uma C. Dolosa, se eu cruzar novamente esse híbrido com uma C. walkeriana essa planta voltaria a ser considerada uma C. walkeriana espécie? Uma vez que os caracteres morfológicos da C. loddigesii entraram no cruzamento, existiria realmente a possibilidade desses retro cruzamentos resultarem em uma espécie pura? Na minha opinião, não. Porém, existem diferentes linhas de pensamento no que se refere a esse assunto, logo, trata-se de uma polêmica que envolve questões comerciais das quais eu realmente não quero fazer parte.

Se desconsiderarmos o fator “comercial” que está embutido nessas denominações, qual seria realmente a importância de considerar essa planta como uma espécie ou um híbrido? A resposta a essa questão está diretamente relacionada a um único fator, sua forma. A espécie C. walkeriana, naturalmente, seu aspecto morfológico como pode ser encontrado na natureza, em quase nada se assemelha mais com o que hoje os entusiastas dessa espécie valorizam, flores bem planas, arredondadas, pétalas largas com boa textura e consistência.

Pelo que pude compreender disso tudo, para se obter esse “ideal de forma” tão ambicionado e tão valorizado, existem dois caminhos: o mais fácil e o mais difícil. O mais fácil e também o menos ‘honesto’ é cruzar uma C. walkeriana com uma C. loddigesii, formar uma Dolosa e vendê-la como se fosse uma C. walkeriana espécie. O mais difícil e também o mais valorizado e honesto, que demanda muito mais investimento e tempo de dedicação, é selecionar os melhores exemplares de espécies puras de verdadeiras C. walkerianae fazer cruzamentos utilizando as melhores matrizes que ao longo de muito tempo resultem em plantas de boa forma e que podem alcançar valores impressionantes.

Mesmo tendo me arriscado um pouco ao me estender nesse assunto nebuloso e polêmico, acredito que tenha conseguido esclarecer alguns aspectos sobre esse tema sem promover mais polêmica. Em minha trajetória na orquidofilia esse assunto realmente não tem grande relevância, e, sinceramente prefiro não entrar nesse “jogo”, que, na minha opinião, é de apostas muito altas. A questão principal é que as considerações acima serviram mais para tentar esclarecer porque considero a planta acima como uma Cattleya Dolosa e não como uma Cattleya walkeriana do que para gerar uma discussão em torno dessas difinições, Isso eu prefiro deixar para aqueles que entendem melhor desse assunto. 






Robiquetia cerina

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Foto & cultivo: André Merez

Uma floração bastante aguardada 



Essa epífita é originária de Pápua, Nova Guiné e Filipinas, onde vegeta em altitudes acima de 350 metros em árvores de médio porte, florestas de clima úmido e temperaturas amenas. Seu aspecto vegetativo é muito interessante, com folhas que se assemelham ao couro com coloração amarronzada em sua face inferior e verde acinzentada na superior. De crescimento lento devido seu metabolismo bastante desacelerado, as Robiquetia demoram pra alcançar a maturidade suficiente para florescer.

O exemplar acima foi adquirido pela minha esposa, Edi Merez, na exposição do Jardim Botânico de São Paulo há cerca de 4 anos quando ainda era uma pequena muda. Ao longo desse tempo sob nosso cultivo desenvolveu-se bem e sua floração, sempre tão aguardada, iniciou-se no final de maio com o surgimento de um pequeno calo na face oposta de uma das axilas foliares. Acompanhar o desenvolvimento dessa inflorescência é sem dúvida uma experiência muito interessante, mas, infelizmente, devido à falta de tempo disponível para essa finalidade, não foi possível fotografar as etapas desse curioso espetáculo.


A respeito do cultivo que temos utilizado nessa planta, podemos acrescentar que está sendo feito em cachepot de madeira, com substrato de casca pinus e uma camada de esfagno puro em sua borda para ajudar na conservação de uma certa umidade. O ambiente em que este cachepot fica é bastante úmido e arejado, condições essenciais para seu bom desenvolvimento. Quanto às adubações, são feitas semanalmente com adubo orngano-mineral rico em aminoácidos.





Phalaenopsis bellina

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Foto & cultivo: André Merez

Uma bela espécie do gênero Phalaenopsis



Essa monopodial de folhas largas e flores de aproximadamente 5cm é originária das florestas úmidas, quentes e sombreadas de uma ilha que os asiáticos denominam como Kalimantam e que nós ocidentais conhecemos como Bornéu. Em seu hábitat elas vegetam como epífitas e têm a particularidade de crescerem com suas folhagens inclinadas para baixo, o que naturalmente evita que se acumule água na cavidade que a junção de suas folhas formam e, consequentemente, evitando seu apodrecimento.

A exemplo do que nos ensina a sábia natureza, é importante observar que as plantas do gênero Phalaenopsis de maneira geral vegetam bem quando plantadas respeitando essa inclinação das folhas. No caso do exemplar acima, optei por plantá-lo em cachepot de madeira e inclinei um dos lados simplesmente encurtando dois dos quatro lados dos arames que sustentam o cachepot. Como substrato utilizei uma mistura em partes iguais de casca de pinos com carvão e musgo esfagno que tem nos apresentado ótimos resultados em todas as espécies desse gênero.

Suas hastes florais, depois de totalmente formadas, podem seguir ao longo de meses emitindo novas flores, que neste caso são sequenciais. Vale acrescentar que as hastes dessas palnats não devem ser cortadas após o término da floração, já que ela continuará se desenvolvendo e emitirá novas flores no ano seguinte. O colorido de suas flores, suavemente lilás que vai se esmaecendo em direção às bordas de suas pétalas e sépalas é lindamente contrastado pelo alaranjado forte da parte superior de seu labelo, resultando em uma belíssima combinação de cores.




Paphiopedilum Maudiae

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Paphiopedilum Maudiae  I  foto/divulgação: Clube do Orquidófilo 

Aprendendo com os 'Sapatinhos'


O domínio das peculiaridades de cultivo de um gênero da família orquidácea, em sua totalidade, certamente só pode ser completamente adquirido na prática. É no trato direto com as plantas que aprendemos efetivamente suas necessidades nas condições que podemos oferecer a elas no ambiente de cultivo de que disponibilizados.

Depois de alguns anos cultivando o gênero Paphiopedilum, acredito que já possa afirmar, pelo menos no que se refere ao meu cultivo, que são plantas difíceis de florescer. Mesmo recebendo adubação regular rica em Cálcio e fósforo e ainda com aminoácidos, as espécies que mantenho em minha coleção simplesmente não florescem todo ano. Vegetam bem, emitem brotos, desenvolvem a parte vegetativa, mas ficam sem florir anos seguidos.

Das plantas desse gênero que mantenho em meu plantel, apenas os híbridos têm florido regularmente e têm se mostrado mais resistentes aos fungos que, no caso das espécies, são muito difíceis de serem controlados. Talvez essa seja uma afirmação desanimadora, contudo, nem só de acertos é feita a orquidofilia. Em minha experiência com esse prazeroso hobby acredito que são justamente as descobertas e os desafios que o tornam atraente.

Entre as espécies desse gênero que adquiri nos últimos anos, algumas perdi por problemas de fungos e outras continuam vegetando bem. O que tenho feito para não deixar de cultivar esse gênero que aprecio tanto é concentrar minhas compras em híbridos que são igualmente encantadores e ainda são mais resistentes e florescem mais regularmente.

Entre essas aquisições de híbridos está esse Paphiopedilum Maudiae, resultado do cruzamento entre o Paph. callosum e o Paph.  lawrenceanum registrado no ano de 1900 pelo orquidarista Charlesworthy. Segundo informações da obra ‘Tropical Sleeper Orchids’ de Harold Koopovtz, o cruzamento original para obter esse híbrido foi feito entre as formas albinas das duas espécies envolvidas, o que resultou nessa cor verde tão encantadora. Ainda segundo Koopovtz, trata-se de uma planta robusta e de cultivo relativamente fácil e pode florir mesmo quando ainda possua apenas um fascículo.




Laelia alaorii

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Laelia alaorii  I  Foto/ divulgação: Clube do Orquidófilo

Uma preciosidade da Bahia


Para os orquidófilos apreciadores das plantas de pequeno porte, tanto em sua parte vegetativa quanto em sua floração, essa espécie é certamente um item imprescindível na coleção. Apesar de ter sido descrita por Brieger & Bicalho em 1976, essa pequenina foi descoberta alguns anos antes pelo orquidófilo Alaor Oliveira, vegetando nas florestas úmidas e quentes do estado da Bahia. Sem dúvida nenhuma trata-se de mais uma verdadeira preciosidade das terras baianas, sempre tão ricas em belíssimas espécies.

Sua floração pode acontecer em qualquer época do ano, mas ocorre com maior frequência no verão, entre os meses de dezembro e março, quando ela emite suas inflorescências apicais geralmente com um ou dois botões por haste. Suas flores, de maneira geral, possuem a peculiaridade de não se abrirem completamente, a não ser em exemplares selecionados que foram submetidos a cruzamentos de aprimoramento. Quanto ao tamanho, as flores da L. alaorii dificilmente ultrapassam os 4 centímetros de diâmetro, exceto nos casos de plantas tetraploides que podem se aproximar dos 5 centímetros.

Informações sobre o Cultivo


Quanto ao cultivo aprecia umidade ambiente elevada e boa ventilação para que vegete satisfatoriamente. Deve haver um cuidado maior com essa planta nos períodos mais secos para que não se desidrate, porém, o encharcamento de suas raízes também é extremamente prejudicial, já que facilmente poderá ocasionar seu apodrecimento. Para contornar essa dificuldade é interessante lançar mão de um substrato que seja bastante aerado, com boa drenagem e algum elemento que garanta certa umidade. Uma adubação regular e equilibrada do tipo 20 20 20 apresenta bons resultados quando acompanhada de micronutrientes e se possível de aminoácidos.  



Bc Hippodamia ‘Kelvin Lucky’

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Bc Hippodamia'Kelvin Lucky' I  Foto/divulgação Clube do Orquidófilo

Um híbrido que surpreende


Há pouca informação disponível sobre esse híbrido. O que consegui levantar em minhas pesquisas é que se trata de um cruzamento entre a Brassavola nodosa e a Catteya aclandiae registrado em 1908 por Charlesworth Ltd junto à Royal Horticultural Society. Informações a respeito de como esse cruzamento chegou ao Brasil ou mesmo maiores detalhes sobre sua criação ainda não me foi possível encontrar.

No que se refere a este meu exemplar, posso afirmar que o adquiri apenas há dois anos e esta já é a segunda floração sob meus cuidados. Inicialmente o que me atraiu nessa planta foram o pequeno porte e o padrão de pintas diferenciado. Outra curiosidade é a variação do padrão das pintas e da coloração de sua floração, pois esta muda de maneira bastante acentuada de um ano para o outro. O que torna ainda mais interessante seu cultivo, já que existe esse ‘elemento surpresa’ a cada floração.

Informações sobre o cultivo


Por ter em seu cruzamento duas plantas que não podem ser submetidas a longos períodos de substrato muito molhado, de um lado a Brassavola que prefere ser cultivada em placas de madeira e do outro a Cattleya aclandiae que também precisa de uma leve secagem do substrato ente as regas, recomendo o uso de um substrato bem drenado para o cultivo desse híbrido. Uma mistura em partes iguais de casca de pinus e carvão e uma boa drenagem com isopor ou pedra britada são bastante adequadas. Iluminação de 50% e adubação semanal com formulação 20 20 20 e boa umidade ambiente garantem um bom cultivo para a Hippodamia.






Coletânea de Orquídeas Brasileiras

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Um trabalho de grande importância para a orquidofilia brasileira


Entre os vários seguimentos que a orquidofilia brasileira reúne, acredito que um dos mais importantes é aquele que se preocupa com a descoberta e o registro de novas espécies. Marcos Antônio Campacci tem direcionado esse trabalho em nosso país empreendendo e incentivando visitas à hábitats, fomentando conhecimentos e principalmente fazendo o árduo trabalho de registro de novas espécies de nossa flora orquidácea.

Orquidófilos mais atentos à literatura do seguimento certamente devem conhecer a “Coletânea de Orquídeas Brasileiras”, publicação periódica, que tem como principal finalidade o registro e a organização sistemática do levantamento de novas espécies feito por meio de visitas aos diversos hábitats nacionais. Chegando atualmente à sua 11ª edição, esse trabalho já é responsável pela publicação de dezenas de espécies e até alguns novos gêneros da família orquidácea.
      
É de extrema importância salientar que essa publicação conta apenas com o apoio do CPO (Círculo Paulista de Orquidófilos) e com contribuições de entidades e/ou pessoas físicas para sua manutenção, já que não são feitos anúncios ou matérias pagas em suas páginas, todo o trabalho é voluntário e em prol da orquidofilia, pois não há finalidade lucrativa para este projeto.


Para adquirir a edição atual da Coletânea ou qualquer um dos números anteriores, ou para fazer doações com a finalidade de ajudar na manutenção desse importante trabalho, entre em contato com os editores pelo e-mail campacci@cpo.org.br. Também é possível encontrar essas coletâneas à venda no Orquidário Oriental ou na banca de livros das exposições da AOSP.






   

Hoffmannseggella vasconcelosiana

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Foto & cultivo: André Merez


A descoberta de um tesouro mineiro



Planta rupícola descoberta pelo pesquisador Reginaldo Vasconcelos em outubro de 2010 nos afloramentos rochosos da Região conhecida por Três Morros, em Guanhães, Estado de Minas Gerais. De porte pequeno, sua parte vegetativa, incluindo pseudobulbos e folhas, alcança o tamanho máximo de 15 cm. Sua inflorescência apical possui hastes que podem atingir os 20 cm de comprimento e contém de 4 a 6 flores de aproximadamente 1,5 cm em seu terço superior e sua floração ocorre predominantemente no verão.

Graças ao trabalho de multiplicação por sementeira feito pela orquidarista Márcia Sanae Morimoto do Colibri Orquídeas, tornou-se possível que essa nova espécie fosse popularizada e comercializada entre os admiradores do gênero, sem precisar retirá-la da natureza, colaborando dessa forma para sua perpetuação em estado natural.

É desse tipo de orquidofilia que devemos nos orgulhar. Espécies brasileiras são descobertas, registradas e multiplicadas por brasileiros! Esse trabalho, além de permitir que os orquidófilos conheçam em tenham acesso às novas espécies de nossa flora orquidácea, ainda ajuda a garantir que esse tesouro natural seja mantido em seu estado natural vegetando em seu hábitat.

Informações sobre o cultivo


Em cultivo doméstico, essa espécie aprecia substrato bem drenado que pode ser composto por uma mistura em partes iguais de casca de pinus com carvão e pedra brita de tamanho pequeno. A umidade ambiente noturna também é importante para esse tipo de planta. Quanto à adubação, sugerimos a utilização de uma formulação equilibrada de (NPK) 20 20 20 com acréscimo de micronutrientes como zinco (Zn), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e boro (B).




Ryncholaeliocattleya George King

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Rlc George King - Foto & cultivo: André Merez - Clube do Orquidófilo

Um clássico dos anos 70


Resultado do cruzamento entre a Rhyncholaeliocattleya Buttercup e a Cattleya Bob Betts, esse híbrido foi registrado na Royal Horticultural Societypor George A. King no dia 01 de janeiro de 1970. Além da textura e do tamanho de suas flores, o que torna esse cruzamento particularmente interessante é a sua cor salmão, até então não detectada em flores de orquídeas.

Quanto a sua nomenclatura, o órgão internacional de registro tem como principal definição intergenérica o nome de Rhyncholaeliocattleya (Rlc), resultado do cruzamento entre os gêneros Ryncholaeliae Cattleya. Também é aceito como sinônimo o nome Brassolaeliocattleya(Blc), devido à mudança de nome da espécie Ryncholaeliadigbyana que passou a ser Brassavoladigbyana.

Informações sobre o cultivo


Seu cultivo não apresenta grandes dificuldades desde que atendidas suas exigências básicas no que se refere à iluminação que deve ser dos tradicionais 50%, adubação regular e enriquecida de micronutrientes, boa ventilação e regas equilibradas. Cuidados especiais são necessários no verão para evitar o ataque de cochonilhas e pulgões que normalmente podem atacar essa planta nesse período. Fique atento fazendo vistoria regular das plantas da coleção e tomando as providências necessárias.